Macro X Micro
Os economistas possuem um dialeto próprio, com termos e analogias incompreensíveis para os não iniciados. Não é exclusividade da profissão, diga-se, afinal, qualquer especialidade com algum frescor de vitalidade tem seu próprio vernáculo. Já parou para ouvir as conversas entre programadores, médicos ou engenheiros? Estão cheias de jargões técnicos de compreensão difícil ou mesmo impossível para todos os demais. Economistas, além do jargão, têm outra particularidade: dividem-se em tribos. A despeito, claro, de existir uma teoria econômica, fruto de revoluções e contrarrevoluções, a parte "humana" da ciência clama pelo diferente. E talvez por esse detalhe, as conversas entre economistas sejam pequenas demonstrações das contradições inerentes às sociedades.
Para além dessas dificuldades, há ainda uma outra, de difícil explicação para o leitor não iniciado: a divisão entre a interpretação macro e outra micro. Aquela, imbuída de entender o comportamento agregado da sociedade e de suas variáveis econômicas. Esta, preocupada com agentes específicos ou grupos de agentes específicos, além, é claro, do desenho de determinadas políticas públicas. Pode-se, ademais, tentar unificar o micro e o macro em uma mesma construção teórica. Na definição célebre do professor Mário Henrique Simonsen, em economia há três maneiras de se olhar os fatos. A primeira tenta ao mesmo tempo enxergar a floresta e cada uma de suas árvores. (...) A segunda se fixa numas poucas árvores e se esquece da floresta. (...) A terceira ótica procura enxergar a floresta sem se preocupar com as árvores.
Não se pode reduzir assimetrias sociais sem uma política econômica crível, sem crescimento e com inflação baixa. Desequilíbrios no lado macroeconômico impedem avanços no micro. Aqueles, são indicadores antecedentes dos retrocessos neste. Com inflação alta, por exemplo, a desigualdade deixa de cair e passa a aumentar. Com crescimento baixo, os empregos se vão e a