Os Lusíadas - Canto IV
Há várias formas de pensar sobre discurso, mas o que seria o discurso? É o processo de estruturação da significação único e inesgotável, passível de múltiplas manifestações. Sua especificidade é o uso da palavra, o discurso é o processo de criar sentido.
Ao longo dos anos da história da humanidade, foram criados vários tipos de discursos, e iremos citá-los aqui neste resumo, além de citar a teoria épica do discurso. Vamos destacar o discurso épico do conhecimento, que usava a palavra para fazer arte, representando esteticamente a dimensão existencial. Em meados do século XVI, chegou até a haver um desinteresse por conta da aceitação tácita da proposta de Aristóteles como uma teoria épica, quando, na realidade, é uma proposta crítica. A proposição de Aristóteles define uma manifestação do discurso épico na antiguidade, contaminado por uma concepção literária denominada clássica, e não toda e qualquer manifestação do discurso épico.
Naquele tempo, Aristóteles dirigia-se ao estudo da manifestação do discurso e afirmava sobre a epopéia grega chegando a conclusão de que ela já estava ultrapassada para a sociedade vigente, enquadrando-se apenas na Grécia por causa do “corpus” criticamente delimitado. A epopeia enquadra-se no gênero narrativo por apresentar os elementos específicos do discurso narrativo: personagem, espaço e acontecimento, os quais, relacionados na instância do narrador, elaboram a estrutura verbal de uma proposição de realidade. Porém a epopeia não se confunde com a narrativa de ficção. A epopeia tem como unidade o verso, divide-se em estrofes e cantos, explora recursos rítmicos e sonoros, segundo pela presença de uma consciência lírica. Já a narrativa de ficção estrutura uma matéria romanesca, real imaginário criado literariamente, a narrativa da epopeia estrutura uma matéria épica, fusão do real histórico com o real maravilhoso processada ao nível da realidade objetiva.
A natureza da Matéria Épica