Os Lusiadas
Análise Externa
O poema divide-se em 10 cantos. Cada canto contém em média 100 estrofes ou estâncias. O canto III é o mais curto, com 87 estrofes; o canto X é o mais longo, com
156 estrofes. O poema todo compõe-se de 1.102 estrofes ou estâncias. Cada uma delas contém regularmente 8 versos (oitavas). O poema totaliza 8.816 versos, decassílabos (medida nova), predominando os decassílabos heróicos, com a 6ª e a
10ª sílabas tónicas. Há também alguns decassílabos sáficos, com a 4ª, a 8ª e a 10ª sílaba tónicas.
Os Lusíadas é o maior poema da língua portuguesa. Camões soube elaborar uma linguagem suficientemente rica e maleável, elegante e sonora, com que exprimiu tanto os feitos heróicos e altissonantes, como as dolorosas súplicas de Inês de
Castro diante de seus algozes ou o desconsolo do eu-poemático diante do
"desconcerto
do
mundo"
e
da
decadência
de
seu
país.
Análise Interna
O Lusíadas tem cinco partes, como a tradição clássica impõe a uma epopeia:
1 - Proposição - É a apresentação do poema, a síntese do assunto. Ocupa as três primeiras estrofes. Evidencia algumas características fundamentais da obra: o carácter colectivo do herói, a valorização do homem (antropocentrismo), a sobrevivência do "ideal cruzada", a valorização da Antiguidade clássica, o nacionalismo (ufanismo),
sintaxe
rica
e
complexa.
2 - Invocação das Tágides - É o pedido de inspiração às musas. Camões elege como suas inspiradoras as Tágides, ninfas do rio Tejo, "nacionalizando" suas musas. 3 - Dedicatória ao Rei D. Sebastião - É como menino ainda, como dádiva de Deus, que Camões apresenta D. Sebastião na dedicatória. O jovem rei assumiu o trono aos 14 anos, em 1568, e como a redacção do poema consumiu mais de 12 anos,
Camões não deixa de observar que ele é "novo no ofício" e disso abusam seus conselheiros. O fato do jovem rei ser exaltado como símbolo e esperança da pátria, não impede de o