Os Lus Adas Canto IX Completo
Análise
A obra:
- Epopeia clássica portuguesa;
- 1ª publicação em 1572;
- Obra épica.
1
Tiveram longamente na cidade,
Sem vender-se, a fazenda os dous feitores,
Que os Infiéis, por manha e falsidade,
Fazem que não lha comprem mercadores;
Que todo seu propósito e vontade
Era deter ali os descobridores
Da Índia tanto tempo que viessem
De Meca as naus, que as suas desfizessem.
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Lá no seio Eritreu, onde fundada
Arsínoe foi do Egípcio Ptolomeu
(Do nome da irmã sua assi chamada,
Que despois em Suez se converteu),
Não longe o porto jaz da nomeada
Cidade Meca, que se engrandeceu
Com a superstição falsa e profana
Da religiosa água Maumetana.
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Por estas naus os Mouros esperavam, dos portugueses
Que, como fossem grandes e possantes, ironia
Aquelas que o comércio lhe tomavam,
Com flamas abrasassem crepitantes. esperavam as naus turcas para queimarem as naus port
Neste socorro tanto confiavam Para destruir os portugueses
Que já não querem mais dos navegantes
Senão que tanto tempo ali tardassem
Que da famosa Meca as naus chegassem.
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Este, de quem se os Mouros não guardavam Monçaide
Por ser Mouro como eles (antes era
Participante em quanto maquinavam),
A tenção lhe descobre torpe e fera.
Muitas vezes as naus que longe estavam
Visita, e com piedade considera
O dano sem razão que se lhe ordena
Pela maligna gente Sarracena.
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Porém não tardou muito que, voando,
Um rumor não soasse, com verdade:
Que foram presos os feitores, quando
Foram sentidos vir-se da cidade.
Esta fama as orelhas penetrando
Do sábio Capitão, com brevidade
Faz represária nuns que às naus vieram
A vender pedraria que trouxeram.
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Eram estes antigos mercadores
Ricos em Calecut e conhecidos;
Da falta deles, logo entre os milhores
Sentido foi