Os homens, desde a idade da pedra, nos deixaram sinais, que hoje empolgam os historiadores da arte, nos desenhos e pinturas gravados no interior das cavernas em que viviam. Pois bem, uma consideração mais atenta do significado destas gravuras nos leva à conclusão seguinte: nestes sinais da arte primitiva, há mais do que uma simples distração.Todos os povos, nas suas origens culturais, apresentam de modo característico as lendas e as fabulações mitológicas que aparecem como formas de exprimir um enredo relacionando os fatos observados pelos espíritos ingênuos. São elas as formas elementares da teorização.As primeiras tentativas explicativas dos mistérios da existência fizeram-se sob forma de histórias, ou de lendas.Os mitos, as lendas, as histórias são enredos em termos concretos. Assim, as histórias, as lendas, os mitos, foram as primeiras manifestações desta tendência teorizante do ser humano. Mas de uma característica geral do homem, que se manifesta desde a infância. No homem adulto, esta tendência se manifesta na facilidade com que o homem arma suas opiniões. A opinião é um enredo, é uma estrutura teórica embrionária, que se forma inopinadamente no espírito humano, diante de um fato.Essa teorização se manifesta igualmente na ciência. Tão natural parece-nos em geral que à ciência caiba a obrigação de construir teorias, que haveremos de estranhar o problema que agora colocamos em foco. A tarefa da ciência não é a de construir teorias; mas a de formular teorias que efetivamente correspondam à realidade.Devemos recordar que ainda durante séculos encontramos na ciência a preocupação predominante com as teorias. Se algum fato novo não obedecesse à teoria previamente construída, atribuí-se isto a uma deficiência experimental, ou se criava alguma explicação que contornasse a dificuldade.Custou ao homem a aprender que não basta procurar a solução dos problemas construindo teorias. Difícil, realmente, é saber que o primeiro problema é o de saber como se coloca