Os heróis da literatura
Em seu texto, Perrone ressalva as observações de Roland Barthes a respeito da literatura, onde ele afirma que devido às mudanças ocorridas com o passar do tempo, a dita “grande literatura” está definhando, ou, extinta na prática do ensino, e o “grande romance” é considerado impossível para o escritor do século XX devido à fragmentação do saber e da escrita. Os grandes escritores da literatura de hoje são chamados de heróis, por serem representantes da organização da Cultura; apesar de todo o mundo, o saber e o próprio homem estarem em processo de fragmentação.
Devido às mudanças vindas com a virada do século, chamadas pelo autor de “mutações”, onde seus principais sintomas se davam com o desaparecimento da espécie “grande escritor” e também com a diminuição do público leitor, Barthes se declara feliz porque os muitos “fins” ditos por ele, como: o fim da História, arte, utopias, cultura ocidental, arte, etc., e bem como a extinção do escritor/leitor não aconteceram de fato. A possibilidade da extinção da literatura no século XX foi muito especulada, porém, essa possibilidade continua ser formulada já no século XXI, quando em 2005 foi publicado um ensaio intitulado “O adeus à literatura. História de uma desvalorização”, onde Steiner também afirma que os bons livros estão ameaçados de desaparecimento.
O autor ainda afirma que quando falamos sobre literatura, é necessário ressalvar que a concepção literária do séc. XVIII, que anunciava a sua “decadência” ou seu “fim,” deixou de ser prática de um conjunto da cultura, para se tornar atividade particular; tal concepção de literatura, ainda segundo Steiner, pertence ao Romantismo na passagem do século XIX para o XX.
Na segunda metade do século XIX, Baudelaire conformou a imagem de artista a uma imagem de herói, e tal heroísmo é objeto da modernidade. Porém, segundo este autor, esse herói moderno não é herói, pois na segunda metade do século XIX já não havia mais lugar