Os heréticos
A gnose é uma escola de vivência religiosa e pensamento global que reúne filosofia e ciência esotérica, isto é, raciocínio e experimentação.
A fé entra só como ponto de partida
Embora tanto o Vaticano quanto os historiadores católicos o tenham negado, sempre, desde o começo do cristianismo, houve duas correntes cristãs que num artigo passado eu chamei “A Igreja de Pedro” e “A
Igreja de João”. A “Igreja de João ” é mais liberal e mística; a outra, é hierarquizada, burocrática e ritualística – como o Império Romano.
Há um estudo histórico extremamente interessante de um padre católico, o Abbé Barbier, (“Les infiltrations maçoniques dans l’Eg l i s e ”, Desclée de Brower,
1911, Paris), que trata da história eclesiástica e mostra os enormes esforços dos papas e dos bispos para ocultar as origens esotéricas do cristianismo.
H.P. Blavatsky também escreveu“As Origens do ritual na Igreja e na Maçonaria” (Ed. Pensamento, SP, 1978) mas este não é um livro crítico. Portanto, não nos serve.
Quanto à “Igreja de Pedro”, o abade Barbier escreve: “A Gnose se tornou para a Igreja um perigo considerável, pois vários dos homens que se dirigiam a esta corrente gnóstica eram de uma inteligência fora do comum, capazes de oferecer visões sintéticas, tanto da história quanto de pensamento, além de possuir uma integridade moral que aumentava a sua autoridade.
Para a Igreja institucionalizada, tais homens teriam podido oferecer justamente aquilo que ela não tinha: uma concepção de conjunto da história e da obra da salvação; uma Filosofia do cristianismo; e uma análise crítica das relações do cristianismo com o judaísmo e o paganismo, além de uma compreensão mais profunda da fé cristã. Mas a base da doutrina gnóstica
(que será depois retomada pela cabala judia) é a emanação, que se opõe frontalmente ao dogma da criação.
Criação, em sentido católico significa: Deus de um lado e as criaturas do outro. Para provar que deve ser assim, os teólogos