OS EXCLUIDOS DA HISTORIA CAP 3 E 4
O olhar do outro; Os patrões franceses vistos pelos operários – 1880 – 1914
É surpreendente que se encontre tão poucas pesquisas para se compreender a própria ação operária, as razões disso encontram-se nos métodos da historia social voltada para a descrição estrutural de categorias isoladas do que para as relações entre elas, reticente diante da apreensão das psicologias coletivas. Toda ação se inscreve num modo de representação, não existe consciência de classe sem visão do mundo ou cultura sem elaboração de simbologia.
Em suas autobiografias os operários se contam, muitas vezes falam mais de sua existência do que do seu trabalho, e mais dos seus gestos e instrumentos do que dos seus empregadores.
As descrições mais amplas e pormenorizadas do patronato provem de preferência das organizações. Em um dado momento existem níveis de representação, e não é fácil saber como se difunde a transformação das representações dominantes.
O Patrão como pai
Não se pode excluir outros tipos de relações, de representações de linguagem. O próprio termo patron, muito particular a língua francesa das relações industriais, com sua conotação de proteção e patrocínio, mereceria um estudo semântico.
O paternalismo foi e por vezes ainda continua a ser um dos sistemas mais importantes de relações sociais do trabalho. Ele supõe três elementos; presença física do patrão nos locais de produção e mesmo a moradia patronal; linguagem e pratica de tipo familiar entre patrões e operários; e adesão dos trabalhadores a esse modo de organização. O patrão é visto como o pai que proporciona trabalho aos seus filhos,
O nós substitui o eles da indiferença ou da hostilidade. E os operários se identificam com a casa onde trabalham. Os conflitos são raros e assumem um significado mais dramático.
O paternalismo apresenta, no final do século sinais de esgotamento que se devem a imbricação de múltiplos fatores. A constituição dos operários numa classe supõe a ruptura desses laços, a