“Os entendidos” Surge, nos fins da década de 60, um novo sistema de classificação das identidades sexuais masculinas. A orientação sexual é o que melhor diferencia “homens” e “entendidos”. O universo masculino deixa de se dividir entre homens másculos e homens efeminados e passa a se dividir entre "heterossexuais" e "homossexuais", "homens" e "entendidos". O "homem" não é o mesmo do sistema anterior, pois naquele o homem poderia ter comportamentos homossexuais se se restringisse à atividade, enquanto que no novo sistema, o macho que se relaciona sexualmente com outro macho, mesmo que "ativamente", deixa de ser "homem mesmo" e passa a ser "entendido" ou "homossexual". Então no sistema B, só são aceitas relações de homens com mulheres e "entendidos" com "entendidos". A identidade do "entendido" nesse novo sistema não é muito bem definida e independe dos papéis de gênero. Assim, se torna aceito e possível as relações sexuais-afetivas entre indivíduos "semelhantes". E enquanto o sistema A exalta a segregação dos papéis de gênero e hierarquia, o sistema B "prega" a igualdade e a simetria. Esse aspecto é observado a partir do momento em que nota-se que o "entendido" não tem um comprometimento com "atividade" ou "passividade" e possibilita o "troca-troca" da igualdade. A relação é definida simplesmente como homossexual, assim como os parceiros da relação, de forma que os termos "ativo" e "passivo" são inaplicáveis aos parceiros tanto na prática sexual, como na distribuição e desempenho de tarefas. Percebe-se, ainda, que o modelo A continua predominando nas classes baixas, pois a "bicha" é menosprezada não só pela sua identidade espalhafatosa, mas também pela sua posição de classe. Assim como o "prostituto" masculino, o "homem" do modelo hierárquico, é desprezado por ser de classe baixa e "um homossexual não assumido". De modo que o surgimento do sistema B pode estar relacionado a uma transformação social das classes médias e altas