Os deslizamentos do espetáculo político
CURSO DE MESTRADO EM LETRAS
DISCIPLINA: TEXTO E DISCURSO
RESPONSÁVEL: Profa. Dra. Aracy Ernest-Pereira
ALUNAS: Marita Valente Balreira Odete C. Benghi
OS DESLIZAMENTOS DO ESPETÁCULO POLÍTICO
Jean-Jaques COURTINE[1]
O discurso político está em crise nas sociedades ocidentais. Esta é uma constatação banal em que chegamos num estágio inevitável de descrédito quanto ao discurso político. Isto pode ser comprovado através da enorme abstenção eleitoral e pela ascensão da força política que fez da difamação dos discursos e das instituições públicas, um dos pilares de sua exploração eleitoral não só na França, como nos informa Courtine, mas também aqui no Brasil. O séc. XX foi palco de grandes mudanças sociais. Uma delas foi a evolução e a completa transformação da forma de nos comunicar. Hoje, a imprensa ou a mídia[2] pode ser considerada não mais o quarto, mas o primeiro poder, devido a sua força e seu poder de persuasão em todas as esferas da sociedade. Na era da comunicação, tudo nos comunica; tudo nos diz ou quer dizer alguma coisa; e se atrás do meio tem a mensagem, e atrás desta existe um emissor, temos que subir o pano que encobre os bastidores do espetáculo para que, revelando-os, possamos analisar melhor o papel da comunicação nas nossas vidas. Segundo Courtine, um dos causadores da decadência do discurso político, que aparece no banco dos réus, é a televisão e seus efeitos perversos. As imagens corrompem as palavras, a política espetáculo deforma o debate de idéias: a democracia estaria doente em sua comunicação. A razão, portanto, é que a televisão é o lugar e o meio de uma modificação profunda da eloqüência política. Uma forma de fala pública, constituída com a Revolução Francesa, fundada sobre os antigos oradores, concebida sobre o modelo de teatro e que há pouco tempo fazia a ligação entre o homem político e o cidadão. Pois bem, esse estilo se apagou, dando lugar a estilos de comunicação