Os Ciclos de Milankovitch
De acordo com as descobertas matemáticas de Milankovitch (Imbrie & Imbrie, 1979), a intensidade dos efeitos da insolação varia com a latitude. A influência do ciclo de obliqüidade, a inclinação do eixo da Terra, que oscila aproximadamente a cada 41 mil anos, é maior nas regiões polares, tornando-se mais fraca em direção ao equador. Por outro lado, a influência do ciclo de precessão, cujo período é de cerca de 22 mil anos, provocando a variação da distância entre a Terra e o Sol, é menor nos pólos e maior no equador. Como a quantidade de radiação recebida em uma dada latitude e estação é determinada pelo ângulo de inclinação e pela distância entre a Terra e o Sol, a forma da curva de radiação varia sistematicamente do pólo ao equador (Imbrie & Imbrie, 1979).
Devido às influências gravitacionais dos outros planetas do sistema solar ao longo dos tempos milenares vão-se modificando ciclicamente diversos parâmetros astronómicos do movimento terrestre como sejam:
1 - Excentricidade da órbita: - É variável, ao longo do tempo, a forma ligeiramente elíptica da órbita terrestre; varia entre órbitas mais elípticas (excentricidade de cerca de 0,06) e mais circulares (cerca de 0,001), estando atualmente com aproximadamente 0,01. Possui uma periodicidade de aproximadamente 100 mil anos na média, com componentes importantes em 95, 123 e 136 mil anos. Variações regulares superpostas ocorrem com períodos em torno de 400 ou 413 mil e 1,3 e 2 milhões de anos. A excentricidade modula o efeito climático dos ciclos de precessão, resultando em ciclos sedimentares formados por feixes (bundles) de quatro ou cinco pares (couplets) relativos à essa última. É muito importante salientar essa modulação, aproveitando as palavras de De Boer & Smith (1994): “como a variabilidade temporal da freqüência dos ciclos de precessão é muito maior que a dos de excentricidade, algumas análises demonstram a dominância desse último sobre o primeiro. Porém, as diferenças