os acidentes engenharia brasileira
Não há obra 100% segura. A questão é: qual o nível de risco aceitável? Quanto a sociedade aceita arriscar para economizar recursos?
Nas duas primeiras semanas de 2007, o país vivenciou acidentes com conseqüências trágicas que marcam a engenharia nacional: escorregamentos na região serrana do Rio de Janeiro, ruptura de barragem de rejeitos em Minas Gerais e desabamento na linha 4 do metrô de São Paulo.
A chuva tem sido apontada como a causa dessas tragédias por administradores, políticos e outros entrevistados. Rapidamente, especialistas disseram que não é tão simples assim.
As causas são mais complexas e precisam ser discutidas abertamente. Algumas questões têm sido recorrentes. A capacidade dos engenheiros brasileiros para enfrentar as chuvas, tão usuais nesta época, tem sido questionada. A boa engenharia considera sempre os efeitos da chuva, da água ou da saturação dos terrenos. Obras próximas a um rio ou sob ele são perfeitamente possíveis. Exigem maiores cuidados e conhecimentos, mas a chuva não pode ser a culpada.
Outra questão freqüente: as obras atuais são seguras? Não há obra 100% segura. Obras de engenharia sempre trazem algum risco. Porém, para reduzir o grau de risco, o custo da obra aumenta. Como, aliás, ocorre na medicina ou na aviação, por exemplo. A questão, então, é: qual o nível de risco aceitável? Quanto a sociedade aceita arriscar para economizar recursos?
Ninguém quer voar em um avião velho ou ser operado por um médico qualquer. Mas, nas obras de engenharia, já não é usual gastar o necessário para minimizar os riscos. Ao contrário, faz-se economia em investigações, ensaios, projetos, consultoria, instrumentação e fiscalização. Tudo se resume ao melhor balanceamento entre riscos e custos.
Outra pergunta usual: os acidentes mencionados poderiam ter sido evitados? Tecnicamente, sim. Num acidente, há duas alternativas: ou houve falha técnica (projeto, construção, fiscalização) ou a obra foi concebida