Os 10 mandamentos da observação participante
Resenha sobre “Os dez mandamentos da observação participante”, que Licia Valladares,resenha sobre o livro “Sociedade de esquina: a estrutura social de uma áreaurbana pobre e degradada”, de William Foote Whyte, pesquisador dos estudosurbanos e sociais.
1) O estudo de caso necessita de tempo. A observação participante implica necessariamente um processo longo. O tempo é pré-requisito para uma fase exploratória da área, até a entrada em campo, também para os estudos que envolvem comportamento e ação de grupos, para se compreender a evolução do comportamento de pessoas e grupos.
2) O pesquisador não dispõe de total intimidade e domínio da área. O pesquisador equivoca-se ao pressupor que dispõe do controle da situação no território a ser pesquisado, desconhecendo muitas vezes as teias de relações que marcam a hierarquia e relações de poder e a estrutura social do local.
3) A observação participante supõe a interação pesquisador/pesquisado. As informações que obtém, dependerão do seu comportamento e das relações que desenvolve. Uma autoanálise faz-se, portanto, necessária e convém ser inserida na própria pesquisa. A presença do pesquisador tem que ser justificada e sua transformação em nativo não se verificará, pois por mais que se pense inserido, haverá sempre questionamentos, “curiosidades” e, quando não, a desconfiança.
4) Devem-se assumir as diferenças. Por isso mesmo o pesquisador deve mostrar-se diferente ao grupo pesquisado. A intenção de imersão total para tentar ser igual ao grupo pesquisado são esforços que muitas vezes não trazem bons resultados nas relações. Não deve enganar aos outros, nem a si próprio.
5) Uma observação participante não se faz sem um “DOC”. É necessário um intermediário local, que além de mediador, com certo tempo, passa a ser colaborador da pesquisa, esclarecendo algumas incertezas ao longo da investigação.
6) O pesquisador é um observador que está o tempo todo sendo observado. O pesquisador quase sempre desconhece sua imagem