Origem e histórico das favelas cariocas
· Origem e levantamento histórico
1.0 - Os cortiços:
Em 1850 foi estabelecida a "lei de terras". Essa lei "proibia a abertura de novas posses, estabelecendo que ficavam proibidas as aquisições de terras devolutas por outro título que não fosse o de compra" (MARTINS, 1981). Com isso, os escravos libertos que precisavam trabalhar para comprar terras garantiram a mão de obra para o empreendimento de fazendeiros de café e cana de açúcar.
Por conta da concorrencia entre o Rio de Janeiro e São Paulo na área de exportação de café, surgiram uma economia manufatureira e uma indústria resultante desses recursos disponíveis para atender à demanda que crescia por migração dos ex escravos ou por imigração européia que chegavam aqui como mão de obra para substituir os escravos.
Com a expansão do Rio de Janeiro, então sede do governo federal, não só das áreas urbanas como das periféricas, na segunda metade do século XIX, foram chegando cada vez mais um número maior de trabalhadores. Isso está associado à independencia política alcançada em 1822, ao reinado do café e à abolição da escravidão que contribuiram para uma fase de expansão econômica.
O crescimento populacional desordenado gerou crescimento de moradias precárias e agravamento das manifestações da pobreza. Multiplicaram-se as moradias coletivas conhecidas como cortiços e estalagens.
VALLADARES (2000), ao comentar sobre o assunto, expressa bem a visão que a sociedade tinha sobre os cortiços: "Considerado no século XIX como o lócus da pobreza, espaço onde residiam alguns trabalhadores e se concentravam, em grande número, vadios e malandros, a chamada 'classe perigosa'. Caracterizado como verdadeiro 'inferno social', o cortiço era tido como antro não apenas da vagabundagem e do crime, mas também, das epidemias, constituindo uma ameaça às ordens moral e social."
Sendo assim, diversas campanhas de higienização seriam verificadas com o objetivo de retirar esta população que era considerada foco de doenças e