Ordem dos Economistas O Futuro da UE

I – Quais são os problemas? A União Europeia encontra-se numa situação que apresenta três problemas: 1 – A crise é uma consequência da crise financeira e, depois, económica, que eclodiu em 2008, nos Estados Unidos e que contaminou a Europa de duas maneiras: a) uma crise bancária que foi resolvida à custa dos orçamentos públicos (caso exemplar o da Irlanda); b) uma crise económica (recessão) que foi travada graças a medidas contra-cíclicas financiadas pelos Estados (para que as economias não se afundassem completamente). Em ambos os casos, as finanças públicas foram as vítimas das loucuras do sistema financeiro privado. 2 – Esta crise foi reveladora e desencadeadora de graves defeitos de construção da União Europeia Monetária. Com efeito, havia uma união monetária mas que revelava um respeito insuficiente pelas disciplinas e uma debilidade dos controlos da política orçamental dos Estados membros; uma ausência de união bancária (que permitisse, em particular, que os problemas da banca não contaminassem as finanças públicas); uma ausência de mecanismos de gestão de crise (devida ao credo original do euro “no default, no exit, no bail-out” que se revelou um “triângulo das Bermudas” insustentável); uma divergência das competitividades; uma política monetária virada unicamente para a estabilidade dos preços. Vale a pena salientar que, comparadas com as dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Japão, as performances da Zona Euro não são más, antes pelo contrário, o que mostra que a crise é sobretudo uma crise de confiança na solidez e determinação da Zona Euro. 3 – Um problema mais estrutural devido às rápidas mudanças do mundo globalizado, com a emergência de novas potências, que pode ser resumido assim: Como é que a Europa, cujas perspectivas demográficas são deprimentes, vai conseguir manter uma criação de riqueza suficiente para sustentar o seu modelo social. Dito de outra maneira: será que conseguimos manter este equilíbrio frágil enquanto a Europa representa 8% da