Oque é pesquisa
- Pesquisar: o que é? - Pedro Demo (2009)
Para não fazer de pesquisa algo quase inatingível ao professor comum ou algo banal, é importante discutir o que se poderia entender por este termo. Adianto que não teremos consensos tranqüilos, já que está em jogo sua demarcação científica, naturalmente tangida pela “discutibilidade” das posições (Demo, 1995; 2000). Ao contrário do que se pensa, em especial em ambientes positivistas, pesquisa científica tem mais de “paradigma vigente e dominante”, do que de expressão de verdades inarredáveis (Kuhn, 1975). O método científico não torna as asserções inabaláveis, mas apenas testáveis: científica não é a asserção que um teste a teria feito definitiva, mas aquela sempre aberta a testes recorrentes e com eles constantemente se digladiando, com o intuito de se manter sobrevivente, por enquanto. Nas profundezas da alma científica está o “questionamento questionável”, um moinho implacável de teorias e percepções metodicamente acuradas, mas nem por isso inconcussas. Nossos fundamentos, afinal, não têm fundo (Demo, 2008): ciência carece de argumentação severa, não, porém, para se concluir, mas para manter-se aberta.
Assim posta esta questão, percebe-se imediatamente que se trata de polêmica sem fim, como de fato é no mundo acadêmico, por exemplo, entre dialéticos e positivistas, ou entre modernos e pós-modernos. Ainda que a proposta positivista tenha se institucionalizado em grande parte e nisto tenha demonstrado produtividade impressionante, não deixa de ser um modo entre outros de produzir conhecimento. As iniciativas ditas “pós-modernas”, por mais que representem também um “saco de gatos” apontam para a importância de manter esta polêmica aberta, em particular porque ciência de qualidade é uma proposta aberta. Quando fechada, vira dogma. Deixa de lado a autoridade do argumento e fecha-se no argumento de autoridade.
I. QUESTIONAMENTO RECONSTRUTIVO Para inaugurar este debate, ofereço, como