opio
Cinara Vasconcelos da Silva1 e Eudes da Silva Velozo2
1. Laboratório de Pesquisa em Matéria Médica -LAPEMM
2. Faculdade de Farmácia - Universidade Federal da Bahia (UFBA)
“Ao procurar sua filha desaparecida Perséfone - a deusa Deméter passou por uma cidade chamada Mecone, a cidade das papoulas.
Em seus campos, ela colheu flores e, cortando um fruto imaturo dessa planta, provou seu exsudato, esquecendo-se de todas as suas preocupações”.
Tão antiga quanto o homem, é sua busca pela felicidade, mesmo que seja obtida por um breve período. Talvez por isto, a primeira droga a ser descoberta tenha sido o ópio (do grego opion = suco de Papaver). Desde o período neolítico, ela já era utilizada para o alívio de dores e em cerimônias religiosas, alternando seu uso entre o tratamento de doenças e o alcance do “mundo de ilusões” ou do “paraíso”.
Viajando pelo mundo antigo, encontram-se relatos do uso do ópio em praticamente todas as civilizações conhecidas: egípcios, mesopotâmicos, persas, gregos e romanos. Foi primeiramente encontrado na tumba de Chá do Egito e datada do século XV a.C. Nos papiros descobertos por Ebers, o ópio era componente básico em cerca de 700 remédios, a exemplo de um paregórico prescrito para acalmar crianças.
Na civilização grega, o ópio era utilizado pelas iniciadas ao culto de Deméter em seus ritos para esquecer a tristeza com a chegada do final do o fim do ano, através de um curto sono induzido pela droga, que simbolizava a passagem do inverno antes do rejuvenescimento da primavera. Além disso, era usado pelos soldados gregos, em solução com álcool, para banir o medo, tranqüilizar e dar coragem aos guerreiros durante as batalhas.
Largamente conhecido dos grandes médicos gregos, a exemplo de Hipócrates e Galeno, que fez um estudo sobre os efeitos tóxicos da droga e definiu o conceito de tolerância, o ópio era recomendado para a cura da epilepsia, bronquite, asma, pedra nos rins, febre, melancolia e como sedativo,