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Guerra e Paz
Livro I
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2a edição
Publicações Europa-América c Publicações Europa- América,
Tradução de Isabel da Nóbrega e João Gaspar Simões
Editor: Francisco Lyon de Castro
Edição n.º 006112129
Livro Primeiro
Primeira Parte
Nota. - Grafamos em itálico o que no texto russo está em francês.
Era costume da alta sociedade da época usar habitualmente a língua francesa nas conversações mundanas.
Capítulo I
- Pois bem, meu príncipe. Génova e Luca mais não são do que apanágios, domínios, da família Bonaparte. Não, previno-o de que, se me diz que não teremos guerra, se se permitir ainda atenuar todas as infâmias, todas as atrocidades desse - Anticristo (palavra de honra, para mim, é o que ele é), desconheço-o, deixo de considerá-lo meu amigo, meu fiel servidor, como costumo dizer. Vamos, vejamos, como está, como está? Bem veio que lhe meto medo.
Sente-se e conte-me novidades.
Foi com estas palavras que em Julho de 1805 a conhecida dama de honor, íntima da imperatriz Maria Fiodorovna. Ana Pavlovna Scherer, acolheu o príncipe Vassili, pessoa importante e de alta estirpe, o primeiro dos convidados a chegar à sua recepção daquela noite. Havia algum tempo já que Ana Pavlovna tossicava, estava com gripe, como ela dizia
- gripe era então um novo vocábulo, que poucas pessoas ainda empregavam. Nessa mesma manhã tinha ela mandado entregar, por um lacaio de libré encarnada, a toda a gente, indistintamente, um bilhetinho redigido nestes termos:
Se não tem nada melhor a fazer. Senhor Conde - ou então: meu príncipe -, e se a perspectiva de passar a noite em casa de uma pobre doente não o assusta muito, sentir-meei encantada de o ver em minha casa entre as 7 e as 10 horas.
Annette Scherer.
- Meu Deus, que violência! - retorquiu o príncipe no seu uniforme de gala, o peito coberto de condecorações, na face achatada um ar florescente, sem ligar a mínima importância a semelhante