Ongs
As organizações do terceiro setor atuam em um espaço situado entre as lógicas dos interesses privado e público. Uma é orientada pela dinâmica competitiva e pressão do mercado e a outra pela promoção do bem-estar da sociedade. Dessa forma, oscilam entre duas racionalidades, uma instrumental e outra substantiva. Uma seria finalística, de caráter utilitário, mais afinada com a lógica do mercado; a outra teria caráter eman-cipatório, com base em valores e na autonomia do sujeito ante os processos dos quais participa (Ramos, 2006).
A organização do terceiro setor pode se diferir de uma empresa de interesse privado em vários âmbitos, mas a valorização da democracia como forma de tratar o conflito no desenvolvimento de seus processos de negócio parece ser a mais relevante
(Rothschild & Milofsky, 2006). A maneira como se busca atingir as metas pode importar mais aos protagonistas do que a própria meta em si. Portanto, o trabalhador do terceiro setor tem, também, suas peculiaridades. Como afirmam Nogueira e
Rossini (2007, p. 75), ele participa de uma cadeia específica de geração de valor, “tendendo a se relacionar de maneira intrínseca com o resultado de seu trabalho e com aqueles que o financiam, gerando relações de trabalho difusas”. Tal fato certamente incide sobre sua autopercepção, suas representações psíquicas e visão de mundo, sobre sua identidade, pois os significados têm papel mediador nas relações dos indivíduos com o mundo ao seu redor (Barthes, 1992). Também pesa o fato de os próprios atos reais, como o trabalho, o consumo e o amor, serem, como diz Castoriadis (1982, p. 142), “impossíveis fora de uma rede simbólica”.
Com o avanço do terceiro setor, sobretudo pela institucionalização de sua relação com o Estado, as organizações privadas de interesse público passaram a ser avaliadas com maior seriedade, sendo cobradas em termos de sua capacidade gerencial, seus impactos e, principalmente, accountability.
Ademais, o