one flew over the cuckoo's nest
Do riso às lágrimas, one flew over the cuckoo's nest concretiza um estudo assaz pertinente sobre as ténues fronteiras entre a saúde e a doença mental. Tudo começa com a chegada de R. P. McMurphy (brilhante Jack Nicholson) ao hospital psiquiátrico. McMurphy não é senão um criminoso incurável, novamente apanhado pelas autoridades, e que, como forma de evitar a prisão e abraçar uma vida de luxo e de conforto, alega insanidade mental. É recebido pelo Dr. Spivey, que lhe analisa o relatório e o histórico. O documento revela uma personalidade conflituosa, preguiçosa e que fala sem autorização, presa pelo menos cinco vezes por agressão e violação de menores. Contudo, McMurphy aparenta ser um homem muito inteligente, disposto a colaborar a 100% com os técnicos: I'm here to cooperate with you a hundred percent. A hundred percent. I'll be just right down the line with ya'. You watch.Sofre ou não de distúrbio mental? Rapidamente se aperceberá de que, naquela clínica, a resposta pouco importa.
McMurphy encontra uma ala de homens claramente perturbados, cada um com as suas particularidades: o feio Mr. Fredrickson, viciado em cigarros, o índio-chefe Bromden, falso surdo-mudo e com talento para obasket, o frontal Taber, que adora fazer apostas, Billy Bibbit, o gago apaixonado, o sorridente Martini, o infantilóide Mr. Cheswick ou o culto Mr. Harding. Os pacientes são permanentemente supervisionados por seguranças e enfermeiras, entre as quais a intransigente e insensível Ratched (Louise Fletcher, magnífica), e tratados como crianças, privadas de livre arbítrio, obrigadas a cumprir horários, rotinas e medicamentos que outra coisa não são senão drogas. Arrisco-me a dizer que mesmo que não sejam doidos, os pacientes são de tal forma tratados que ou se convertem à loucura, por sua livre vontade, ou se condenam a si próprios, a um sem fim de castigos que os deixarão irreconhecíveis. Refiro-me, nomeadamente, ao tratamento por choques elétricos.