olimpiadas de portugues

Hoje, como todos os dias, lembro-me como se fosse ontem, eu e meus irmãos levantando cedinho para irmos a escola. Andávamos descalço por aquelas estradas de terra, com nossos vestidos brancos se enchendo de poeira. Na nossa época, só havia mato e terra, e quando passávamos pela casa do Sr. Lucas, pegávamos umas laranjas para comer pelo caminho. O desespero do sinal tocar e termos que ir trabalhar era forte. Voltávamos pelo mesmo caminho que nos lembrávamos. Ao chegar em casa a enxada para irmos a roça estaria nos esperando, encostada nas paredes de madeira de nossa casa. Ao se aproximar de casa e não sentir cheirinho de frango, partia nossos corações. Apenas uma vez por mês umas moedinhas ganhávamos para comprar uma balinha, esse dia era mágico, assim como nos dias que havia um pedaço de carne para dividirmos. Acabávamos de comer a polenta, pegávamos a enxada e seguíamos até a roça. A alegria de se lembrar de que o domingo estava chegando, dávamos pulinhos para ver se chegava mais rápido. No domingo não trabalhávamos, mas logo cedo – mais que alegres – estávamos correndo pelo manguezal, pulando, correndo, girando, e a cada minuto que passava, nos alegrávamos cada vez mais com o pouco que tínhamos. Quando minha mãezinha chamava para come, íamos correndo, pois minha vó colhia uvas e fazia um suco delicioso e meu avô, o frango ensopado. Voltávamos para o campo e fazíamos casinhas de barro, bonecos de argila e escorregadores de madeira. Era o nosso mundo mágico, nosso parque de diversão. Com 15 anos ganhei meu primeiro par de chinelas de minha vó, hoje em dia um par de chinelo não é nada, mas para mim, foi o melhor presente que eu poderia ter ganhado na vida. Ah, como eu gostaria de voltar no tempo e aproveitar o pouco que tínhamos. Lá a minha felicidade estava feita! Daquele tempo apenas tenho saudades e boas lembranças, que eu nunca irei me esquecer, e que comigo irão me acompanhar aonde eu for.