Olgair

Era um final da tarde daqueles de começo de primavera, em São Paulo. O tempo maluco, em vez de chuva, trouxe um chuvisqueiro fininho e um frio daqueles. Nas ruas cheias de meandros da Chácara Santana, na periferia Sul de São Paulo, as pessoas seguiam rápido, encolhidas nas suas blusas e agasalhos.
Uma energia diferente, muito acolhedora, espantava o frio naquela escola. Muitas pessoas – para ser exata, umas 100 - foram chegando e se acomodando no pátio multi-uso que eu já vira em outras atividades. Desta vez, cortinas nas janelas, as mesas dispostas com toalhas arrumadas e … uma pizzaria fora montada, com forno, pizzaiolas, garçons de avental com a letra inicial do nome da escola e muita conversa animada! Era uma atividade já desenvolvida na escola por meio de um projeto – Aniversário, para os alunos da unidade, todo ano.
Todo mundo esperava alguém muito especial – a coordenadora pedagógica da escola, que se aposentara depoisd e 14 anos de trabalho na rede. Ninguém foi lá por obrigação, ninguém descontou das horas a trabalhar, enfatizou o diretor, muito emocionado. Foram as pessoas amigas, que queriam levar uma flor e se despedir dela, não cumprir uma obrigação. Mais que colegas de trabalho, amigos e amigas que já sentiam saudades de uma pessoa tão especial.
Amigos e amigas que, instados a dizer algo, disseram porque a ocasião era emocionante e a educadora, importante para eles. Tem paciência para enfrentar as adversidades. É firme, mas não agressiva. Defende suas opiniões, muitas vezes, muito implicadas, mas de forma original, provocativa. Formou muitas educadoras, que agora assumiam funções como a coordenação pedagógica da nova unidade da escola e a diretoria de outra. Conseguiu articular parceiros importantes para os processos de formação de educadores daquela escola e de outras, no sentido de perseguirem um sonho, que no final, está realizado: uma escola pública viva, gostosa, aberta à comunidade, com foco no aluno, nas relações sadias de toda a comunidade