Análise do Processo de transferência A ideia da transferência contém a ideia de transportar de um tempo a outro, de um ontem a um hoje, de um passado a um presente. O processo psicanalítico tem por base o princípio “conhece-te a ti mesmo”, o que implica a capacidade do sujeito de se conhecer a si próprio, mas também a capacidade de, na relação com o outro, descobrir novos conhecimentos, novos sentidos e novos significados. A atualização de sentimentos e emoções, como desejos, medos, ciúmes, inveja, ódio, ternura e amor, que na infância eram dirigidos aos pais e aos irmãos, são agora transferidos para a relação com o analista. As relações imaturas e infantis são como que repetidas e atualizadas através do processo de transferência. A transferência pode ser positiva ou negativa conforme o tipo de sentimentos relativos ao terapeuta. É na altura que Freud expõe o seu caso de neurose obsessiva, que começa a distinguir o facto dos sentimentos inconscientes do paciente para com o analista serem manifestações de uma relação recalcada com os imagos* parentais. Contudo, Freud depara-se com grandes resistências por parte do paciente. As mesmas forças que pressionaram os recalcamentos constituem agora um obstáculo à cura. Ao que parece, a resistência protege o próprio recalcamento. Então, o sujeito prefere inconscientemente uma solução patogénica a uma solução consciente que, embora o liberte da doença, lhe custará um certo desprazer. Em “A Dinâmica da Transferência” começa por falar de transferência como sendo a arma mais forte da resistência e conclui que a intensidade e persistência da transferência constituem efeito e expressão da resistência. Distingue então a transferência positiva, feita de sentimentos afetuosos, da transferência negativa, portadora de sentimentos hostis e agressivos. Acrescenta ainda as transferências mistas, que reproduzem os sentimentos ambivalentes da criança em relação aos pais. Nos seus trabalhos posteriores, a