oi meu nome é oi
Menino chorando na noite
(1) Na noite lenta e morna, morta noite sem ruído, um menino chora.
(2) O choro atrás da parede, a luz atrás da vidraça
(3) perdem-se na sombra dos passos abafados, das vozes extenuadas.
(4) E no entanto se ouve até o rumor da gota de remédio caindo na colher.
(5) Um menino chora na noite, atrás da parede, atrás da rua,
(6) longe um menino chora, em outra cidade talvez,
(7) talvez em outro mundo.
(8) E vejo a mão que levanta a colher, enquanto a outra sustenta a cabeça
(9) e vejo o fio oleoso que escorre do queixo do menino,
(10) escorre pela rua, escorre pela cidade (um fio apenas).
(11) E não há ninguém mais no mundo a não ser esse menino chorando.
2.1 Forma O poema “menino chorando na noite” é escrito na primeira e na terceira pessoa do singular . Possuí três estrofes, a primeira com quatro versos (quarteto), a segunda com três (terceto) e a ultima com quatro (quarteto). Todos os versos são classificados como “versos brancos” (onde não há a ocorrência de rimas) e livres (onde não há a ocorrência de versificação quanto à métrica ou ao ritmo), de modo que não há uma seqüência métrica ou a presença de sonoridade musical neste poema. Esse modo de escrita (escrita livre) está ligada ao movimento literário modernista, no qual se insere o poeta Carlos Drummond de Andrade, onde não há padrões para a disposição dos versos ou estrofes em um poema.
2.2 Conteúdo Há no poema “menino chorando na noite” a ocorrência da linguagem figurada na maioria dos versos.
2.2.1 Polissíndeto O polissíndeto consiste no uso repetido de conjunções, ]especialmente quando algumas destas podem ser omitidas. É utilizada com diversos fins, tanto para acentuar a abundância de algo como para tornar o ritmo do discurso mais lento, conferindo certo tom de solenidade a determinadas passagens. Percebe-se a ocorrência desta figura de linguagem na primeira e ultima