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O contexto histórico de Jean-Paul Sartre
A ERA SARTRE
Em que momento histórico surgiu a figura do filósofo francês Jean-Paul Sartre como um dos intelectuais mais magnéticos de sua era? Desde o casamento nada convencional com a teórica feminista Simone de Beauvoir até a famosa escaramuça com o escritor argelino Albert Camus e o seu apoio declarado aos regimes cubanos e soviéticos, em um mundo submetido a uma tensão bipolar entre capitalismo e bolchevismo, Sartre é um pensador enigmático e muitas das suas ideias continuam sendo debatidas no século XXI.
No começo da década de 40, em face da II Guerra Mundial e quando o polêmico André Gide - fundador da Editora Gallimard, da revista Nouvelle Revue Française e Nobel da Literatura em 1947 - já não era uma figura tão presente nos debates públicos – tanto por estar indeciso em relação as suas escolhas políticas, bem como por ser rejeitado pelas novas vanguardas – Sartre conseguiu magnetizar os anseios políticos e culturais dos seus contemporâneos.
Tendo recebido o Prêmio Nobel de Literatura já no final da vida, em 1947, Gide é procurado então pelo jovem Sartre e os dois estabelecem uma relação cordial, com aparições conjuntas até em documentários. Após a morte de Gide, Sartre se preocupa em defender a memória do companheiro de letras dos ataques feitos pela Imprensa francesa. Ao se posicionar dessa forma ética e chamar a atenção para o legado de Gide: que foi a lição de que a adesão incondicional a um ideal é algo perigoso, Sartre ocupa um lugar de destaque na intelligentsia francesa nos quadros da Libertação do país da ocupação nazista.
A pessoa de Sartre era enigmática. Era reconhecido pela sua simplicidade e por distribuir gentilezas, o que contrastava com a predominante arrogância ostentada pela maioria dos homens de letras da França. Fumante inveterado, Sartre parece que além de feio, era desprovido de beleza. Porém, de miúdo e vesgo, logo se transformava em um sedutor orador quando falava