Observação de uma criança

RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO DE UMA CRIANÇA DE UM ANO E ONZE MESES

1. INTRODUÇÃO:
Segundo Ariès, na sociedade medieval os adultos não reconheciam qualquer sentimento a respeito das crianças, na verdade as crianças não existiam naquele tempo, o que provocava uma igualdade entre adultos e crianças e entre jovens e crianças. A criança que superasse o período de alto nível de mortalidade e que não dependesse mais dos cuidados da mãe ingressava na sociedade dos adultos de forma igualitária a eles. No século XIV, a partir da arte, da iconografia e da religião começou-se a exprimir as primeiras personalidades infantis. Porém, somente, no século XVI e início do século XVII, nas camadas superiores da sociedade, surgiu um sentimento especial que distinguia os adultos das crianças. A partir dos trajes utilizados, as crianças começaram a se diferenciar e a surgir um sentido para infância, o qual a criança passou a ser considerada como fonte de distração e relaxamento para o adulto. Conforme Ariès, desde esse momento os adultos não deixaram mais de expressar seus sentimentos e o prazer que sentiam em brincar, mimar e paparicar as crianças. Alguns adultos, entretanto, passaram a defender essa distinção entre crianças e adultos, porque consideravam que a mistura entre eles permitia que as crianças fossem cada vez mais mimadas, mal educadas e tornassem-se, apenas, um meio de distração para os adultos, como por exemplo, um cachorro, no qual os adultos perdem algum tempo e divertem-se.
De acordo com Ariès, no fim do século XVII nasce um novo sentimento pela infância que passa a ter interesse psicológico e de preocupação moral para com as crianças. Inicia-se um sentimento sério e autêntico da infância, pois não cabia mais ao adulto concordar e paparicar as travessuras das crianças e, sim, havia a necessidade de conhecê-la melhor para corrigi-la. Os adultos, então, passaram a preocuparem-se com a disciplina e a racionalidade dos costumes, conciliando a doçura com a razão,