obras realistas

2708 palavras 11 páginas
O soneto "Círculo Vicioso", segundo inúmeros críticos, foi escrito entre 1879—1880. Era quase fim de século e inúmeras correntes filosóficas e literárias surgiam. No campo da filosofia podemos destacar o positivismo de Comte e o materialismo histórico de Marx. No campo literário temos a poesia de Baudelaire, as obras de Flaubert, que são precursores da poesia e da prosa ditas modernas. E junto com eles vem toda uma gama de escritores que empreendem novas correntes (simbolismo, realismo etc). E certamente a obra de Machado não está imune a essas correntes e influências. Esse soneto possui uma característica poética própria de Machado de Assis, que é o poema que narra que conta uma história ou situação. Nesse caso, segundo Cláudio Murilo Leal (2000), esse soneto é um apólogo, onde uma metáfora é colocada dentro de uma história maior (a história de um vaga—lume que queria ser como uma estrela; a estrela, por sua vez desejava ser como a lua; e a lua como o sol; e o sol como o vaga—lume), a exemplo do apólogo da agulha, que Machado de Assis gostava muito. O "Círculo Vicioso" é um poema extremamente filosófico. E com esse poema—alegoria vem à tona a questão do desejo de ser igual ao outro, pois nunca estamos contentes com o que somos. Além de trazer a sensação de insatisfação, pois não somos felizes com aquilo que temos e por isso o outro sempre é melhor, sempre possui coisas melhores que as nossas e só seremos felizes se formos como o outro ou se possuirmos o que ele possui, ou ainda se ocuparmos a posição que ele ocupa. Há um círculo vicioso, é um olhar somente para o exterior, para tê-lo, sem considerar o que está dentro, o que é essencial. Na verdade, Machado enfatiza uma característica humana, que é olhar ao redor e tecer comparações, aspirando ser/ocupar. E isso é um círculo vicioso "que volta, pois o último sempre quer ser o primeiro" (LEAL, 2000) e o primeiro sempre quer ser o último. São considerações existenciais e filosóficas que emergem do homem; um

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