Objetivo da epistemologia da psicologia

Objetivo da Epistemologia da psicologia
A PSICOLOGIA E SEUS SUJEITOS

Cada teoria psicológica constrói seu objeto de estudo e, ao mesmo tempo sua modalidade de investigação. Estas construções são de uma natureza diferente dos fatos e acontecimentos concretos e instituem uma ruptura com o senso comum. É por isso que podemos listar, na psicologia, diferentes construções conceituais de sujeito que demarcam formas de apreensão e explicação da realidade, remetendo a uma especificidade tanto teórica quanto metodológica. Como comenta Morin (s/d p. 16), em relação às disciplinas científicas em geral, também encontramos "fraturas" resultantes de saberes disjuntos e fragmentados quando confrontamos estas diversas conceituações.

Apesar do processo disjuntivo das construções teóricas, alguns autores sentiram o desafio de refletir na direção da reconceitualização do objeto 'sujeito' buscando uma conjunção das diferenças. Um destes autores é Jean-Marie Dolle. Tal empreendimento enfrenta um problema inicial: o da diversidade das construções, o da disciplinarização do saber. Não se trata de tentar estabelecer uma verdade pela via da integração das semelhanças teóricas, em que cada teoria contribuiria com um dos aspectos para uma idéia geral de sujeito; mas sim, partir da hipótese de que a própria idéia de sujeito comporta em sua unidade, uma diversidade.

Neste trabalho nos propusemos indagar a epistemologia da afetividade proposta por Dolle a partir das questões colocadas pela psicologia genética e pela psicanálise acerca de suas concepções de sujeito.

1) Os "Sujeitos" da Psicologia Genética

Encontramos a palavra "sujeito" na psicologia genética com dois adjetivos: sujeito epistêmico (ou qualquer) e sujeito psicológico (ou individual). É o próprio Piaget quem enfatiza a necessidade de tal diferenciação:
"(...) é conveniente de início recordar uma vez mais o equívoco eterno que paira sobretudo nas atividades do sujeito e que conduz os espíritos não advertidos (...)