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Se Deus existe, Ele passou muito tempo na moita. Até que pudesse ser percebido por alguém. Acompanhe o raciocínio: O universo, como existência física, é estimado em 14,5 bilhões de anos pelo calendário terreno, quando surgiu de um ovo pré-universal, numa explosão espetacular, cujos estilhaços, gases e poeiras deles decorrentes, formam os monumentais corpos celestes. Em um desses estilhaços, dos bem pequenos, é verdade, o Homo sapiens, a nossa espécie primordial, surgiu há cerca de 145 mil anos, ou seja: a nossa existência no universo ocupa o percentual infinitamente miúdo de 0,001% da existência do mundo.
Astronomicamente falando é um tempo tão ínfimo quanto aquele gasto no piscar de uma lagartixa no contexto de um ano. Em algum momento de nossa curtíssima trajetória, desenvolvemos alguns atributos que nos foram diferenciando da bicharada, tais como consciência, o raciocínio lógico, o desenvolvimento de ferramentas, a interferência conduzida no meio ambiente, a cultura e a intuição da existência do sobrenatural. Só então Deus começou a dar as caras. Ou seja, a existência de Deus como ideia e conceito começa de fato com a evolução racional do ser humano, dentro de um processo da evolução natural das espécies. Daí não ser um disparate afirmar que a natureza criou o homem e o homem criou Deus. A existência de Deus, se fosse pão, ainda estava quentinho de derreter a manteiga. Nenhuma das linhagens que nos antecederam, como as bactérias, as formigas, as baratas, os crocodilos, os dinossauros, supõe-se, não chegaram a aventar, ou mesmo intuir a existência de Deus. Pela simples razão de que eram ou são seres irracionais. A existência de Deus teve início com a nossa espécie.
A existência de Deus, a rigor, é um efeito colateral da racionalidade. Ela acontece onde o nosso limitado raciocínio esgota suas forças e não consegue romper. Aí entra a ordem sobrenatural, tendo como centro o Deus absoluto, princípio, meio e fim, aquele que é ubíquo e tudo