Nunca lhe prometi um jardim de rosas
Dentro de nossa vida cotidiana, a doença mental revela-se abruptamente, desmascarando toda a realidade oculta escondida no mais profundo âmago da sociedade. Os sinais aparecem, mas as cobranças, as apreensões e o ritmo frenético do dia-a-dia, aumentam o individualismo e as pessoas tornam-se como ilhas em cercadas de sua solidão. Assim, fugir deste mundo hostil torna-se algo tentador e pode parecer uma medida necessária muitas vezes. Mas, quando o indivíduo deseja libertar-se das regras ou das normas impostas pela sociedade, este se torna dependente da civilização. Essa dependência faz com que o doente busque absorver o máximo do que este mundo cruel pode oferecer, para compensar, o que com saúde, não pôde ter. Quando essa possibilidade de fugir concretiza-se, dúvidas, revoltas, críticas, auto-questionamentos, estranhezas, repulsas, sentimentos de vazio, de culpa, de apatia para com o outro, para consigo ou para com o mundo, se mostram, em uma crise existencial para tentar entender a origem ou o destino de quem se perde nos emaranhados tecidos pela mente. O mundo é tão inóspito e pode ser pelo fato de o idealizarmos demais e para o louco o mundo ilusório e a realidade são caminhos tênues e quase conectados, por mais diferentes que sejam. Ser louco fere mais do que uma facada no peito, no peito de quem está sentindo-se louco, este sente a dor no mais profundo de seu ser. Para quem está fora desta realidade, quando se aproxima desta dor, receia sentir-se assim um dia na vida e confundir-se com o louco. Durante a doença, as pessoas se auto-analisam, procuram culpados, acusam-se umas as outras, algumas se desmontam e o louco, fica completamente comprometido com a sociedade doente, aproveita o resto de vida sadia para, talvez, caminhar a partir dali com o que aprendeu e regenerar-se, refazer-se, ou abandonar a vida e construir uma nova história, talvez, distante dessa realidade. A