Novos Movimentos Sociais
A expressão “novos movimentos sociais” supõe diferenças em relação aos movimentos sociais tradicionais, quais seriam? Em princípio, os movimentos tradicionais se faziam através de uma identidade de classe social, consistindo basicamente como movimentos operário-sindicais, organizados a partir do mundo do trabalho. Essa referência classista dos movimentos sociais, no entanto, nas últimas décadas tornou-se inadequada na medida em que as posições de classe perderam a estabilidade, com os sujeitos assumindo, ao longo da vida e conforme as circunstâncias, diferentes identidades que já não decorrem diretamente das relações de produção. A velha dicotomia entre proprietários dos meios de produção e vendedores da força de trabalho (ou simplesmente patrões x empregados) como duas identidades opostas, complementares e historicamente bem estabelecidas deu vez a numerosas formas de identificação social autonomizadas, como negros, gays, ambientalistas, ruralistas, feministas, pacifistas, veganistas, imigrantes, indígenas, consumidores, trabalhadores sem teto ou sem terra, ativistas anti-globalização, atingidos por barragens etc. Se nos movimentos sociais tradicionais os protagonistas principais eram os trabalhadores pobres e assalariados (“Proletários de todo mundo, uni-vos”, proclamava Karl Marx no Manifesto Comunista), os novos movimentos sociais incorporam tanto segmentos da classe média quanto pessoas à margem do mercado de trabalho. Muito comumente, os novos movimentos sociais se articulam através de redes - constituindo pautas reivindicatórias coletivas, convergindo interesses, organizando ações conjuntas e buscando visibilidade social -, de modo que tais pautas subsistem a despeito da efemeridade dos participantes que delas entram e saem livremente. Outra característica dos novos movimentos sociais é que, à diferença