Noventa anos sem Lima Barreto
No dia 1º de novembro de 1922 o Brasil perdia um dos seus maiores escritores. Morria aos 41 anos de idade na Rua Major Mascarenhas, nº 46, no bairro de Todos os Santos, subúrbio do Rio de Janeiro o romancista e jornalista Afonso Henriques de Lima Barreto. Coincidentemente, era dia de Todos os Santos. Lima Barreto morreu na sua modesta residência, que ele tinha o costume de chamar de “Vila Quilombo” para contrapor ao bairro de Copacabana. Oriundo de uma família humilde, Lima Barreto nasceu no dia 13 de maio de 1881, na cidade do Rio de Janeiro. Quando completou 7 anos, no ano de 1888, acompanhou atento as festividades em comemoração a libertação dos escravos. Mal sabia ele que passaria por muitos reveses por conta de sua cor, pois, como era mulato, muito cedo saberia que esta condição seria a razão do preconceito que sofreria na sua trajetória. Lima Barreto ingressou no jornalismo profissional em 1905, no Jornal Correio da Manhã, produzindo diversas reportagens. Apesar da morte prematura, foi na literatura que o escritor deixou a sua marca conhecida: o embate com os donos do poder.
A estréia como escritor ocorreu em 1909, com o livro As Recordações do Escrivão Isaias Caminha, obra que denunciava o papel da grande imprensa na estrutura do poder e os bastidores da redação de um grande jornal da época. O livro abordou o mundo das notícias manipuladas, os elogios encomendados, as projeções dos falsos heróis e das bajulações dos poderosos e revelou ainda o visível preconceito contra os negros na sociedade brasileira. Combativo em denunciar as mazelas sociais e o racismo no País. Assim era Lima Barreto. Passados noventa anos de sua ausência, muitos foram os avanços na luta contra a “engenhosa artimanha” do racismo brasileiro que se mostra persistente, dissimulado, hipócrita e cínico, adjetivos que o tornam, até os dias de hoje, difícil de ser combatido. Apesar dos esforços da grande imprensa, que tem atuado como tropa de