Jonathan Franzen, eleito pela Granta um dos vinte melhores jovens romancistas americanos, escreveu As correções, um livro que está em quase todas as listas de melhores romances contemporâneos americanos (e algumas outras listas de "melhores de todos os tempos"), vencedor do National Book Award de Melhor Livro do Ano e que devo ter lido umas trinta e cinco vezes, além de enchê-lo de anotações em dezenas de post-its e ao qual continuamente retorno, fã do virtuosismo do autor, da linguagem rápida e capacidade de ironizar tudo para expor a gravidade das situações. Franzen, além de protagonistas cuja empatia com o leitor é quase imediata, é capaz ainda de criar alguns personagens secundários que são mencionados pouquíssimas vezes e cujas descrições, mesmo repleta de apelos pop, soam extremamente verossímeis. Acabou de lançar Freeedom, mais um calhamaço - ao exemplo de As correções e suas 583 páginas - completamente incensado pela imprensa literária, ansiosa em alcunhar o novo "grande romancista americano" (vide Times, que colocou sua foto na capa abaixo de tal epíteto) já que Pynchon parece ser caudaloso demais para isto. É bem verdade que alguma parte da imprensa insiste em definir seu novo livro como uma espécie de "continuação" de As correções, enquanto outros dizem "nhé, é outra coisa", e que o unificador de ambos é a também sátira à família contemporânea (mais uma família do Meio Oeste americano), a ironia à política (que, neste, se estende dos últimos anos de Clinton aos oito anos de Bush), a antítese republicanos/democratas, a discusão conservadores/liberais, os negócios, como conquistar o sucesso na América, etc. Enfim, toda esta máquina fascinante e questionável que faz os Estados Unidos girar, ser o que é e produzir assunto para as centenas de romances americanos que chegam a cada ano nas livrarias. Franzen é dono de uma narrativa algo intrincada e bastante elegante, clara e que destila erudição, isto é bem verdade. Também é verdade, no entanto - e isto já