Notas Marx
(erro metodológico, capitulação ideológica)
Paulo de Tarso Soares
Prof. Dr. FEA/USP
Introdução
Numa das aulas de EAE 526, Marx: a destruição da economia política, na FEA/USP, em 14/04/2014, os alunos, especialmente os comunistas tradicionais e a esquerda dita moderna, reagiram às minhas observações obre o caráter burguês, sobre a espetacularização debordiana das críticas feitas pelos chamados movimentos sociais à ordem existente. Eu critiquei-as como sendo espetaculares à La Debord (1): com uma retórica contestadora, mas uma sintaxe conservadora. São críticas que, mediante uma negação superficial, afirmam da essência. São críticas que reforçam a separação entre os seres humanos, pois ter como bandeira que o negro é lindo, a mulher é maravilhosa, por exemplo, logicamente, necessariamente, reafirma-se a separação da sociedade entre lindos e não lindos, entre maravilhosos e não maravilhosos. Do ponto de vista do marxismo, as diferenças de raça, sexo, opção sexual etc não podem ser motivo para críticas nem para elogios. São críticas que atribuem os conflitos à natureza do ser humano, às mentes atrasadas e a outras vulgaridades, fazendo o elogio aos interesses egoístas que se apresentam com interesses gerais. Do ponto do marxismo, é imprescindível que haja uma ligação entre a crítica ao cotidiano e a crítica à sociedade burguesa.
Nos feriados de Páscoa e Tiradentes, imediatamente seguintes a aquela aula, veiome à mente que o livro a mim presenteado pelo Nicolau Spadoni, o livro do Daniel
Bensaïd, Espetáculo, fetichismo, ideologia: um livro inacabado (2), poderia ser uma boa ajuda para a sala de aula, afinal, sucinto e com leitura leve. Reli, fiquei empolgado e aproveitei para escrever umas notas de aula, até como um agradecimento à gentileza do Nicolau. Uma semana depois, resolvi revisar e ampliar aquelas Notas. Elas foram discutidas, em sala de aula, com os alunos. Mas uma pergunta do