Notas de portugues
Falta de concordância verbal:
a) * «Até na mercearia ainda se comentava baixinho que o pai da rapariga tinha ficado maluco depois que a rapariga desapareceu.»4
Observamos que falta coerência ao exemplo a), pois para marcar a anterioridade de uma acção em relação ao pretérito-mais-que-perfeito composto do indicativo («tinha ficado»), o tempo exigido só poderá ser também um pretérito-mais-que-perfeito simples ou composto («desaparecera» ou «tinha desaparecido»).
Pronominalização:
b) * «Ela faria-o bem depressa se lhe tivessem explicado.»
Não é raro assistir-se ao uso da ênclise («faria-o») em vez da mesóclise («fá-lo-ia») nas formas de futuro do indicativo e do condicional. Mas a pronominalização levanta outros problemas, alguns da ordem da oralidade, que não é impossível que se verifiquem no registo escrito. É o caso de:
c) * «Eles fizeram-o bem.»
d) * «Traze-o tu.»
Nestas situações o que se verifica é que a pronominalização é feita de forma incorrecta, em vez de: c’) «Eles fizeram-no bem» e d’) «Trá-lo tu», como acontece com as formas verbais terminadas por consoante nasal e com as formas terminadas em vibrante ou fricativa, respectivamente.
Por outro lado, verifica-se o desconhecimento de formas que exigem a anteposição do pronome em relação ao verbo, como nas frases negativas; nas orações iniciadas com pronomes e advérbios interrogativos; nas situações em que o verbo vem antecedido de certos advérbios como «bem», «mal», «ainda»,