Nostalgia 1 1
Um escritor que se encontra depressivo e preso em seu quarto por uma semana, escrevendo sua última obra, onde conta sobre sua vida e sobre outras coisas pequenas, uma forma de nostalgia em papel. Perdeu a noção do tempo, da vida, da viagem e da transição do tempo a real, perdeu amor e amores.
Personagens:
Escritor idoso;
Escritor jovem.
Cena 01.
(Ele se levanta, vai até a estante e começa a rever algumas fotos empoeiradas, sorri.)
Velho – Sempre pensei que tive um ótimo passado, poderia contar das glórias das noites, das músicas, das luzes. (Ele ri, larga a foto, abre sua caixa de remédios) E aqui minha caixa de remédios. Poderia falar de todas as drogas que tive de experimentar. As licitas e ilícitas. Drogas, droga e esse calor. Malditos refletores. (Olha seu relógio) Três horas da tarde. Então é isso, são três horas da tarde. Perdi meu remédio da pressão em algum lugar dessa casa. Até compraria outro, mas não. Cansei de viver a base remédios.
(Senta em sua cadeira, olha para sua máquina de escrever, levanta, coloca uma música, senta novamente.)
Velho – Música. Nostalgia. Nostalgia. Sinapses. Cuspiam. Músculos. Nada. Absolutamente nada. Começar a história. Lembro de quando tinha 16 anos, me drogava e me masturbava. Droga e masturbação deveriam ser sinônimos. Me masturbava tanto que pensava que morreria desidratado, me drogava tanto que pensava ser o super homem. Hoje sou só desidratado. E teve um tempo que eu só falava citando livros. Eu era um chato (sorri).
Jovem – Já li tudo, cara. Já experimentei macrobiótica. Psicanálise. Drogas. Sempre as drogas. A Erva do Diabo. O velho Castaneda. Já experimentei acultura. Suicídio. Ioga. Dança. Natação. Clube de xadrez. Marxismo. Candomblé. Boate gay. A música é boa. Já fui ambientalista e contra cultura.
Velho – Naquele tempo a música era boa. Todos nós éramos mais bonitos naquele tempo. Eu era uma farsa. (Sorri)
Jovem – Sim, eu sou uma mentira. Mas não nego isso, sou tudo, sou o que quero