Nossa herança colonial e consequências até os dias atuais
(Mário Domingues, in D. João III e sua época, apud Eduardo Bueno - A coroa, a cruz e a espada. Lei, ordem e corrupção no Brasil colônia, Coleção Terra Brasilis, 4, Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, p. 253, 2006)
Geralmente comento que, apesar de várias coisas boas legadas dos portugueses, como a apaixonante língua e a boa culinária, também herdamos algo muito ruim e que vige até os dias atuais: o modo de administrar a coisa pública, os interesses coletivos e comuns, e a educação quanto ao respeito às regras de convivência social, leis e contratos.
Como se pode ver no texto acima, quase nada mudou em nossa relação com o bem público, com as nossas autoridades, como se dá essa relação na administração do interesse coletivo.
Portugal ainda padeceu de um mal maior, pois foi praticamente o único país que perdeu para si mesmo o império ultramarino e o desbravamento dos limites do mar. Pelas análises dos conteúdos históricos, o único momento de lampejo de boa diplomacia foi o Tratado de Tordesilhas com a Espanha, mas que logo se mostrou infrutífero, pois não soube administrar o poder que tinha em mãos, dado a usura e a corrupção de suas autoridades, além da inércia, omissão, leniência, conivência, covardia e vagareza nas tomadas de decisões dos reis portugueses que se sucederam nos