Nosferatu Resumo
A sociabilidade burguesa possui uma dimensão regressiva que se expressa através da presença e irrupção de formas arcaicas e do passado na temporalidade presente. A literatura (e o cinema) fantástico conseguem expressar isto através do mito do morto-vivo. É um traço ontológico da modernização capitalista preservar, sob novas formas sociais, dimensões estranhadas de épocas históricas pretéritas. O capital se apropia delas para articular novas formas de reprodução sócio-metabólica. O retorno do passado, ou do reprimido, é um nexo sócio-reprodutivo do capital. É através destas articulações espaço-temporais que o sistema social se reproduz e busca sua legitimação psicossocial. Se nas épocas pré-capitalistas, o passado e a tradição eram apropriados como dimensões compositivas do tempo presente, elos de identidade cultural que contribuiam para dar um sentido à vida social, hoje, sob o modo de sociabilidade capitalista, passado e tradição aparecem como nexos estranhados, verdadeiras sobrevivências do estranhamento, quase-fetiches que ameaçam o tempo presente e a modernidade burguesa. Entretanto, tal ameaça "externa", possui uma função social sócio-reprodutiva, contribuindo para legitimar o avanço da modernização do capital. A presença do atraso se dá não apenas no plano temporal, mas no plano sócio-espacial, com o cerco (e ameaça) da civilização moderna do capital, pelos espaços periféricos, atrasados e subdesenvolvidos, sedimentos da tradição e da suposta "escuridão cultural".
Temas-chave: barbárie e civilização; capitalismo e tempo social; tradição e modernização capitalista; racionalidade e irracionalidade social.
Filmes relacionados: Drácula-Principe das Trevas, de F.W. Murnau. Nosferatu é um filme clássico do expressionismo alemão. Produzido em 1922, suas imagens de horror ainda conseguem nos surpreender. Foi baseado em Drácula, de Bram Stoker (1897). O diretor F. W. Murnau não conseguindo os direitos autorais com a viúva de Stoker, acabou