NINGUÃ M QUER OUVIR KASPAR HAUSER
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7 páginas
05/02/2015NINGUÉM QUER OUVIR KASPAR HAUSER
NINGUÉM QUER OUVIR KASPAR HAUSER
Cesar Augusto de Oliveira Casella
"Kaspar Hauser não dispõe de estereótipos perceptuais, a sociedade de Nurembergue vai imporlhe a língua como o grande instrumental cognitivo: sem passar pela práxis, Kaspar
Hauser deverá conhecer o mundo através da língua. Apesar de explicado pela linguagem, pelas palavras, por signos lingüísticos, enfim, a paisagem em que foi colocado Kaspar
Hauser permanece turva e indecifrável. Conhecer o mundo pela linguagem, por signos lingüísticos, parece não bastar para dissolver o permanente mistério e a perplexidade do olhar de
Kaspar Hauser. Tratase aqui de uma questão que relaciona língua, pensamento, conhecimento e realidade. Até que ponto o universo dos signos lingüísticos coincide com a realidade
'extralingüística' ? Como é possível conhecer tal realidade por meio de signos lingüísticos ? Qual o alcance da língua sobre o pensamento e a cognição ?"
(I. Blikstein, "Kaspar Hauser ou A Fabricação da Realidade", 1981:17) Linguagem e Sociedade
"A linguagem foi obviamente criada e é, obviamente, utilizada para a comunicação". Ezra Pound, com seu habitual pendor para o sarcasmo, chama a atenção para o aspecto comunicativo da linguagem, que, se não é o único (como ele parece querer definir), é talvez o mais vistoso, o mais envolto no nosso dia a dia. Todos nós falamos, nos expressamos, todo dia. Todos nós nos embrenhamos na linguagem, tentando moldála ao nosso pensamento, querendo fazêla, cotidianamente, demonstrar as nossas intenções.
Pound está escrevendo sobre literatura, que ele conceitua como "linguagem carregada de significado", e é lógico, ou óbvio (para ser um pouco poundiano), que se perceba nas atividades artísticas com maior facilidade a vertente comunicativa da linguagem. Contudo, mesmo fora da esfera artística, creio poder ser este aspecto comunicativo da linguagem algo