NINGUÃ M QUER OUVIR KASPAR HAUSER

1653 palavras 7 páginas
05/02/2015

NINGUÉM QUER OUVIR KASPAR HAUSER

NINGUÉM QUER OUVIR KASPAR HAUSER
Cesar Augusto de Oliveira Casella
"Kaspar Hauser não dispõe de estereótipos perceptuais, a sociedade de Nurembergue vai impor­lhe a língua como o grande instrumental cognitivo: sem passar pela práxis, Kaspar
Hauser deverá conhecer o mundo através da língua. Apesar de explicado pela linguagem, pelas palavras, por signos lingüísticos, enfim, a paisagem em que foi colocado Kaspar
Hauser permanece turva e indecifrável. Conhecer o mundo pela linguagem, por signos lingüísticos, parece não bastar para dissolver o permanente mistério e a perplexidade do olhar de
Kaspar Hauser. Trata­se aqui de uma questão que relaciona língua, pensamento, conhecimento e realidade. Até que ponto o universo dos signos lingüísticos coincide com a realidade
'extralingüística' ? Como é possível conhecer tal realidade por meio de signos lingüísticos ? Qual o alcance da língua sobre o pensamento e a cognição ?"
(I. Blikstein, "Kaspar Hauser ou A Fabricação da Realidade", 1981:17) Linguagem e Sociedade
"A linguagem foi obviamente criada e é, obviamente, utilizada para a comunicação". Ezra Pound, com seu habitual pendor para o sarcasmo, chama a atenção para o aspecto comunicativo da linguagem, que, se não é o único (como ele parece querer definir), é talvez o mais vistoso, o mais envolto no nosso dia a dia. Todos nós falamos, nos expressamos, todo dia. Todos nós nos embrenhamos na linguagem, tentando moldá­la ao nosso pensamento, querendo fazê­la, cotidianamente, demonstrar as nossas intenções.
Pound está escrevendo sobre literatura, que ele conceitua como "linguagem carregada de significado", e é lógico, ou óbvio (para ser um pouco poundiano), que se perceba nas atividades artísticas com maior facilidade a vertente comunicativa da linguagem. Contudo, mesmo fora da esfera artística, creio poder ser este aspecto comunicativo da linguagem algo

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