nilce
Eu/can/ta/rei/de a/mor/tão/do/ce/men/te, A
Por uns termos em si tão concertados, B
Que dois mil acidentes namorados B
Faça sentir ao peito que não sente. A
Farei que amor a todos avivente, A
Pintando mil segredos delicados, B
Brandas iras, suspiros magoados, B
Temerosa ousadia e pena ausente. A
Também, Senhora, do desprezo honesto C
De vossa vista branda e rigorosa, D
Contentar-me-ei dizendo a menor parte. E
Porém, pera cantar de vosso gesto C
A composição alta e milagrosa D
Aqui falta saber, engenho e arte. E
A+A= interpolada
B+B= paralela
A+B= intercalada
C= rima branca
D= rima branca
E= rima branca
C+D+E= Regular
Na primeira estrofe, o EU lírico, se propõe a louvar o amor de uma forma sublime e alta, num concerto harmonioso que mesmo aqueles que nada sentem possam sentir esse amor.
Na segunda estrofe, reforça seu raciocínio, promete aviventar a todos com sua poesia amorosa, e numa engenhosa citação de termos, define como fará isso, ou seja, define o próprio Amor, segredos delicados, brandas iras, (esses termos podem sugerir o ciúme que se faz presente num amor) temerosa ousadia (quando se ama, mesmo sem coragem lutamos, arriscamos em nome do amor) pena ausente (refere-se à saudade sempre presente no amor).
No penúltimo terceto, inclui uma pessoa por Ele desejada, ou seja, razão do seu amor, o termo senhora do desprezo honesto, sugere uma moça de recato, que possivelmente não queira se entregar à realização desse amor e ainda teria um olhar brando, porém rigoroso, que reforça a ideia de Amor platônico.
O EU lírico se diz satisfeito em cantar a parte que menos lhe interessa, ou seja, a parte que os olhos veem (o rosto), isso fica claro no último terceto no termo, GESTO.
Porém nos dois últimos versos ele se diz incapaz de