Nenhum
Bakhtin concebe a linguagem como forma de interação social cujo objetivo é a comunicação; comunicação entre falante/ouvinte, entre um eu e um tu, o que pressupõe um princípio geral a reger toda palavra: o princípio de que linguagem é diálogo. Toda palavra é dialógica por natureza porque pressupõe sempre o outro; o outro sob a figura do destinatário a quem está voltada toda alocução, a quem o locutor ajusta a sua fala, de quem antecipa reações e mobiliza estratégias. Mas, na concepção bakhtiniana, o outro é ainda o outro discurso ou os outros discursos. A enunciação lingüística, o ato de comunicação, tem, portanto, um caráter social, e o produto dessa interação social é o enunciado. Como produto de trocas sociais, o enunciado está ligado a uma situação material concreta e também a um contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma determinada comunidade lingüística. Como os atos sociais vivenciados pelos grupos são diversos, conseqüentemente a produção de linguagem também o será. Para Bakhtin, os discursos são produzidos de acordo com as diferentes esferas de atividade do homem. Por ex., a escola é um lugar em que atuamos em diferentes esferas de atividade, cada esfera nos exige uma forma específica de atuar com a linguagem. Dessa maneira, temos uma esfera de atividade que é a aula, outra que é a reunião de pais e mestres, a reunião dos professores, o encontro dos alunos no recreio etc., cada uma dessas esferas exigindo uma forma específica de uso da linguagem, um gênero diferente de discurso.
A diversidade das produções de linguagem são infinitas, mas nada caóticas. Para
Bakhtin a competência lingüística dos sujeitos