Negro
A difusão espacial do futebol está intrinsecamente relacionada com o imperialismo inglês e sua vasta área de influência, o que permitiu ao futebol êxito muito superior a outras modalidades de esporte coletivo de grande apelo popular, como o beisebol norte-americano . Lembremos que, na segunda metade do século XIX, uma quarta parte do mundo estava sob domínio inglês, e que das Ilhas Britânicas partiu mais de 1/3 da volumosa onda migratória européia entre 1850 e 1890 (SAID, 1995; HOBSBAWM & RANGER, 1982). As redes de suporte deste vasto império ofereceram as rotas fundamentais de difusão de inovações como o futebol. Seus agentes de difusão foram, muitas vezes, migrantes britânicos trabalhando em empreendimentos ingleses, conhecedores daquele esporte que se popularizou amplamente no Reino Unido a partir de 1870.
Evidentemente, nem todas as regiões “importadoras” do futebol são colônias inglesas, mas em praticamente todos os países com os quais mantinha relações comerciais, os ingleses aportaram o futebol como mais um produto de sua vigorosa “indústria”. Não é por acaso que o primeiro clube de futebol formado no continente europeu, para além dos limites das Ilhas Britânicas, ocorreu em Le Havre, França, em 1872. Trata-se, antes de mais, de um cidade portuária da Normandia, estreitamente conectada com a Inglaterra (MERCIER, 1996). Ao estudar o advento do futebol em determinado país ou região, é portanto fundamental um levantamento dos locais de atividade portuária, e de suas conexões com os ingleses. Diversos países (como Brasil, Argentina, Uruguai, França e Espanha) atestam a importância dos portos como portas de entrada do futebol. As rotas comerciais atuaram como meio eficaz de difusão desta inovação.
Na América do Sul, os interesses britânicos, apesar de territorialmente difusos, encontravam grande concentração no rico comércio platino. Esta seria uma de suas principais singularidades: a presença de numerosa colônia