NEGROS
Os africanos no Brasil conseguiram preservar uma parca herança africana. Todavia, apesar de ter sido pequena, essa herança africana, somada à indígena, deixou para o Brasil, no plano ideológico, uma singular fisionomia cultural. Os negros trazidos como escravos eram capturados ao acaso, em centenas de tribos diferentes e falavam línguas e dialetos não inteligíveis entre si. O fato de todos serem negros não ensejava uma unidade linguístico-cultural quando submetidos à escravidão. A própria religião, que atualmente serve como união entre os afro-brasileiros, na época da escravidão, devido à diversidade de credos, os desunia. Em consequência, a diversidade linguística e cultura trazida pelos escravos, aliada à hostilidade entre as diferentes tribos e à política de evitar que escravos da mesma etnia ficassem concentrados nas mesmas propriedades, impediram a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano.
Nossa história nossas raízes...
A História do Brasil finalmente incluiu a história de nossas negras raízes no currículo escolar. Sem deixar para trás, claro, a origem portuguesa e a indígena, o conteúdo tem de abordar a vinda involuntária dos africanos. Isso por que, em 2003, o que já deveria ser um direito virou lei. A obrigatoriedade do tema “História e Cultura Afro-brasileira e Africana" existe desde que foi aprovada a lei 10.639 (alterada para 11.645/2008) que tornou obrigatório o ensino da História da África dos afro-brasileiros e a inclusão do dia 20 de novembro no calendário das escolas da rede pública e privada de todo o país.
Com as mudanças grade curricular esparra-se que seja recuperada a contribuição das mulheres e dos homens negros nas áreas sociais, política e cultural para a formação da sociedade brasileira. Afinal, o Brasil é um país multiétnico e pluricultural, ou seja, foi construído por diferentes povos e culturas, mas é também negro, pois