Negociadores de escravos e escravos negociadores
Centro de Ciências Humanas e da Educação – FAED
Departamento de História
Kauê Pisetta Garcia
Negociadores de escravos e escravos negociadores
Florianópolis
2012
Negociadores de escravos e escravos negociadores
Desde que os impérios europeus começaram a navegar o mundo e chegar a continentes nos quais nunca tinham estado antes, estabeleceram relações comerciais importantíssimas com os povos recém-descobertos. Vários foram os produtos que levaram da África, Ásia e América, porém neste trabalho não me concentrarei no comércio de produtos, mas sim no comércio de pessoas, que seriam levadas para as mais diversas regiões do mundo para realizar trabalhos forçados.
Kalina e Maciel Silva, em seu Dicionário de Conceitos Históricos, destacam a dificuldade enfrentada por historiadores para definir o sistema chamado de escravidão. Dizem que, apesar de possuir certa universalidade em seu conceito, este termo foi teve sua definição alterada por várias vezes ao longo da história. Segundo os autores, isso ocorre graças à subjetividade do conceito de escravo: em vários momentos históricos, por exemplo, a função social da mulher se aproxima em vários aspectos da do escravo.
Por causa desta dificuldade, estes escritores optam por utilizar o conceito do africanista francês Claude Meillassoux, no qual escravidão é um modo de exploração no qual uma classe estabelece domínio sobre outra, obrigando esta à realizar trabalhos forçados para si e ser submissa. Este sistema só pode ocorrer se houver, obrigatoriamente, a renovação da classe explorada, seja por reprodução destes que já são escravos ou pela captura de outros que os substituam. Posteriormente, este fator viria a causar a valorização comercial das mulheres na compra e vanda de escravos.
A escravidão existiu desde a antiguidade, talvez até anteriormente, porém, foi somente com o início da relação Europa-África que ela começou a acontecer com a justificativa racial.Ou