Negação do trabalho
Revista Pegada – vol. 11 n.2 190 dezembro/2010
OS SENTIDOS DO TRABALHO: ENSAIO SOBRE A AFIRMAÇÃO E A NEGAÇÃO DO TRABALHO.
Ricardo Antunes
Por Isis do Mar Marques Martins
Mestranda – PPGE/UFF isis.marinha@gmail.com O que é o trabalho? Como entender o trabalho e qual sua principal fonte, sua essência? Em geral, temos a primeira ideia de que o trabalho participa de uma dicotomia – das várias- de bem e mau, triste e feliz, dentre outras. Qual o sentido do trabalho? O sociólogo Ricardo Antunes, em seu livro Os sentidos do trabalho, como já aponta o titulo, propõe a reflexão de sentidos, a partir de ideologias, discursos, hegemonias e reprodução de ideologias e hegemonias, conforme demanda de alimentação, metabolização de relações de poder, a partir do processo capitalista de produção.
Para a geografia, a perspectiva de Ricardo Antunes é, sem nenhum exagero, uma das principais referências, pois inclui, direta ou indiretamente, a noção de espaço como processo de transformação político e social, na inserção das relações sociais, e nos ditames do processo de acumulação capitalista em movimento, tanto pela crise quanto pela sua evolução espaço-temporal. No livro, os sentidos do trabalho, considerado um de seus principais, a aproximação entre István Mészáros e Georg Lukács intercalam e recriam, mesmo que em poucas linhas, conceitos muito pensados hoje na geografia, como território e territorialização, bem como novos sentidos a partir das relações de subordinação e estranhamento, sentido do trabalho estabelecido a partir das relações de produção: da classe do trabalho à classe-que-vive-do-trabalho. Contudo, esse é um dos vários sentidos, das várias possibilidades de entender a palavra trabalho que, por seu contexto dialético, torna-se capciosa para as ciências sociais em geral.
Para o autor, há um sistema de metabolismo social do capital, sistema de crescimento e aglutinação do capital pelo capital, que transpassa as relações e as transforma em relação social