Natureza humana e cultura
Em nosso cotidiano, estamos muito acostumados a ouvir este tipo de expressão: “A maldade é própria da natureza humana”, “É da natureza do homem o temor ao desconhecido”, “Esta mulher é uma desnaturada!”, “As mulheres são naturalmente mais frágeis e sensíveis”, “É natural que tenhamos limites para pensar essa questão”, “O judeu é ‘pão duro’ por natureza”, “Os pobres são naturalmente violentos” e assim por diante. Tais frases demonstram claramente a admissão de uma natureza humana, colocada como base para que o ser humano possa ser pensado, analisado ou simplesmente dito, a qual existe independente de tempo e lugar.
Há também a consideração de naturezas distintas entre homem e mulher, povos de diferentes lugares e classes sociais. Previamente, podemos inferir que existe uma natureza humana universal e uma natureza humana diferenciada, do mesmo modo que há várias espécies de plantas e animais. Noutras palavras, estamos falando de uma distinção entre o gênero humano universal e as espécies humanas particulares, de modo que certos sentimentos, comportamentos, idéias e valores são os mesmos para todo o gênero humano, enquanto outros seriam os mesmos apenas para cada espécie (grupo, povo, tipo,...), isto é, para uma espécie determinada. Precisamos então compreender o significado filosófico do termo Natureza: quando dizemos que alguma coisa é natural, significa afirmar que tal coisa existe de modo necessário e universal. Essa é a chamada essência, que constitui a própria coisa a que nos referirmos. Assim, por exemplo, dizemos que é da natureza dos corpos serem governados pela lei gravitacional; que é da natureza da abelha produzir mel ou da roseira produzir rosas.
Quando questionamos se há uma natureza humana, uma natureza que sirva de fundamento para o homem, estamos no campo da antropologia filosófica. No entanto, será que sempre quando estabelecemos o conceito de homem, o fazemos tendo em vista a complexidade que o