Casa de mario
É muito comum ouvirmos e dizermos frases do tipo: "chorar é próprio da natureza humana" e "homem não chora". Ou então: "é da natureza humana ter medo do desconhecido" e "ela é corajosa, não tem medo de nada". Também é comum a frase: "as mulheres são naturalmente frágeis e sensíveis, porque nasceram para a maternidade", bem como esta outra: "fulana é urna desnaturada, pois não tem o menor amor aos filhos". Com freqüência ouvimos dizer: "os homens são fortes e racionais, feitos para o comando e para a vida pública", donde, como conseqüência, esta outra frase: "fulana nem parece mulher. Veja corno se veste! Veja o emprego que arranjou!". Não é raro escutarmos que os negros são indolentes por natureza, os pobres são naturalmente violentos, os judeus são naturalmente avarentos, os árabes são naturalmente comerciantes espertos, os franceses são naturalmente interessados em sexo e os ingleses são, por natureza, fleumáticos. Frases como essas, e muitas outras, pressupõem, por um lado, que acreditamos na existência de uma natureza humana que é a mesma em todos os tempos e lugares e, por outro, que cremos na existência de uma diferença de natureza ou de diferenças naturais entre homens e mulheres, pobres e ricos, negros, índios, judeus, árabes, franceses ou ingleses. Haveria, assim, uma natureza humana universal e uma natureza humana diferenciada por espécies, à maneira da diferença entre as várias espécies de plantas ou de animais. Dizer que alguma coisa é natural ou por natureza significa dizer que essa coisa existe necessariamente (ou seja, não pode deixar de existir nem pode ser diferente do que é) e universalmente (ou seja, em todos os tempos e lugares) porque ela é efeito de uma causa necessária e universal. Essa causa é a natureza. Significa dizer, portanto, que tal coisa, por ser natural, não depende da ação e intenção dos seres humanos, e sim das operações necessárias e universais realizadas pela natureza. Assim como é