Nascimento do livro São Bernardo - Graciliano Ramos
São Bernardo
4.1
São Bernardo – nascimento do livro
O momento histórico da produção de São Bernardo encontra o Brasil em meio aos primeiros anos da Revolução de 1930, pela qual Graciliano não nutria a menor simpatia. Acreditamos que tal desconfiança do processo revolucionário de
193017 tenha a ver, basicamente, com dois fatores: Graciliano desconfiava da idéia de que a “modernização” do país, o projeto desenvolvimentista proposto pelo
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0610457/CA
programa da Revolução de 30, traria efetivamente uma melhoria na qualidade de vida da grande maioria da população. Tal qual aquele personagem do romance O
Leopardo18, de Tomaso di Lampedusa, Graciliano deveria pensar que aquela revolução iria mudar as coisas para, no fundo, tudo continuar a mesma coisa. Não à toa disse, à época, o então governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de
Andrade : “Façamos a Revolução antes que o povo a faça”. Não é que não tenha havido mudança alguma com o processo da Revolução de 30, houve, de fato, uma mudança no país, um deslocamento das esferas de poder, mudança em paradigmas da política econômica, abalada pela crise cafeeira. No entanto, as questões essenciais do homem brasileiro, a fome, a ignorância, a miséria, não foram resolvidas por essa Revolução e nem pelos subseqüentes projetos de modernização do país que vieram na seqüência de nossa história (projeto desenvolvimentista de JK, projeto desenvolvimentista dos governos militares).
Até hoje, mais de vinte anos após a democratização do país, os problemas básicos do homem brasileiro continuam sem solução. Essa é uma das razões pelas quais nos parece que a literatura de Graciliano Ramos ainda é uma preciosa fonte para entender que, afinal, pouco mudou dos anos 1930 para cá.
17
A revolução de 1930 foi um processo político-militar que pôs fim à Primeira República e deu início à Segunda República no Brasil. Seguiu-se à derrota eleitoral da Aliança Liberal e encontrou