Narrativa do filme: O escafandro e a borboleta
É interessante a observação das diferentes concepções de deficiência nas subdivisões da sociedade e a própria auto-concepção do deficiente analisada pelas etapas da sua recuperação.
No filme o Escafandro e a Borboleta, podemos notar com grande precisão essas etapas. Desde o momento do “abrir os olhos” e o não reconhecimento do ambiente hospitalar até a aceitação total da vida independente da condição clínica e a descoberta do caminho para a nova forma de se relacionar com a vida.
Curioso que nos atentemos a primeira cena do filme em que os médicos se mostram preocupados com a reabilitação do paciente que acaba de acordar de um coma pós AVC em condição plena de vulnerabilidade e sem mobilidade alguma; desorientado e confuso.
Os médicos começam a orientação com relação ao tratamento e a recuperação, situando o paciente das novas etapas a enfrentar e os resultados esperados. É interessante neste momento observar e refletir que o paciente em questão mal se situou quanto à própria deficiência, mal pôde “digerir” o estado que se encontra e ainda nem entende como chegou ali. Em meio há uma confusão de pensamentos aleatórios tentando entender ainda porque não conseguia com que os médicos o ouvissem é estranho e um pouco rude que os profissionais estejam vomitando propostas e análises do quadro de forma tão direta e pouco sensível.
Ainda que a objetividade seja uma característica da medicina.
Contrastando com o momento em que os médicos fazem o primeiro contato com o paciente acontece outro encontro, entre o paciente e duas profissionais de reabilitação. Uma fonoaudióloga e uma fisioterapeuta. Nesse contato já é mais cuidadosa a apresentação contrapondo dois tipos de profissionais da saúde, sendo no ultimo caso um relacionamento mais sensível e mais “aconchegante”.
Confrontar o filme com os textos propostos: Funcionalidade e incapacidade humana e Modelo