nada
Para almoçar num salão,
Um lugar sofisticado
O Joca não gostou não,
Disse assim: eu vou embora!!
Eu sou mais o meu sertão.
O Joca bem matutão
Num ambiente fechado,
Sentou-se numa cadeira
Olhava pra todo lado,
Se encolhia dizendo
Aqui tá frio pra danado!
Aqui é bem diferente
Do vento do meu sertão!
Lá o vento quando sopra
Me alegra o coração,
Na minha casa de taipa
Faço minha refeição.
Me sento bem a vontade
Só de calção e camisa,
Me sento no tamborete
A flor me aromatiza,
Se o vento é malcriado
Me vem o carinho da brisa.
De lá eu não gostei não
É buzina pra todo lado!
Tem gente de todo tipo
Eu fiquei desajeitado,
Quase que eu não comia
Com aquele vento gelado.
Aqui, eu me sento bem
Comendo o feijão tropeiro,
Com rapadura e farinha
E buchada de carneiro,
De manhãzinha escuto
O aboio do vaqueiro.
Gosto de ficar sozinho
Ouvindo a voz do cancão,
Eu gosto de tomar banho
Na água do riachão
Já bem perto do inverno,
Ouvi a voz do carão.
No restaurante da praça
É tudo sofisticado,
Lá eu não fico a vontade
É gente prá todo lado,
Passei na cidade um dia
Quase morro atropelado.
Minha terra é diferente
Aonde quero me sento,
Quando não tenho transporte
Longo caminho enfrento,
Tiro mais de oito léguas
Nas costa de um jumento.
Gosto de viver aqui
Não gosto lá da cidade,
Aqui é meu paraíso
Posso viver a vontade,
Aqui é bem diferente
Eu tenho mais liberdade.
Faço minha refeição
Debaixo duma casinha,
O fogão de lenha aceso
Prá cozinhar a galinha,
Fazer um cuscuz na hora
Vida boa, só a minha.
Gosto de ouvir na mata
O canto do sabiá,
Eu vejo o camaleão
Subir no pé de juá,
Sinto o cheiro aborrecido
Do perfume do gambá.
A coisa melhor do mundo
É um fogo de carvão,
Uma panela de barro
Prá cozinhar o feijão,
E uma fogueira acesa
Numa noite de são joão.
No restaurante da praça
Prá mim veio estrogonoff,
Oxente! que troço é esse!
Veio a vodka orloff,
Eu gosto